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sexta-feira, 8 de maio de 2009

O NOSSO AMOR

Eu e tu
somos dois seres que se amam
e se pertencem mutuamente.
No calor dos nossos beijos
existe um todo absoluto
que não se quebra
que ninguém pode separar.
O nosso Amor
este amor que sentimos
o fogo da água e do ar.

Deolinda de Almeida
1976

PASSAGEM

Dissimada e esculpida
a imagem irreal surgiu
erguendo uma nuvem de poeira.
Ventos e antepassados foram remarcados e as gerações
julgadas!
No incógnito do tempo, da alma, do espírito
a razão se ostentou
oscilando no cabo daquela estrela.
É manhã!…
… Sòmente avisto a imagem
irradiada e desprendida
do foco desse alguém.
Alguém!…
… Esse que passou e que jamais
voltará!…

Deolinda de Almeida
1973

DEVOÇÃO

Por mais que uma lágrima se derrame
por mais que uma força me tire
jamais te esquecerei!
Um fio
Somente de uma meada de vida que surgiu
de um quê reanimado.
Sentir e saber
o significado de amar.
Amar!…
… Sonho do apogeu que precoce
permanece.
Grito solto no meu Espírito
na minha Alma de Amante.
Amar e saber
que também sou amada por Ti!
A Ti, minha vida se aprisionou
para não mais se soltar.
Sonhando, te procuro
por entre nuvens de pó
que se desfazem no nada que faz existir.
De amor
o meu coração se transforma
na realidade de viver!
Por vezes, recordo a tua imagem.
Numa folha de papel desenho o teu nome e escrevo
sem saber a razão!…

Deolinda de Almeida
1973

SEMENTE

Porquê sofrer, se a vida se acaba!
Não!…
Sofrimento, é um raio de luz
que atravessa o teu coração.
Não chores, grita!
Expande essa tua vontade de viver.
O teu olhar é triste.
Através dos teus olhos
vejo o teu espírito que se agita e a tua Alma
que sente.
Revoltas-te contra o impossível e amas
um amor roubado.
Luta contra essa estranha criatura
de alma tão negra!
Desvenda esse amor e a parte dessa vida.
Não esperes!
Arremessa prantos, solidões e egoísmos.
Despedaça almas, espíritos e contratempos.
Decifra a razão, o vento, a vida
mas não te faças despercebida.
Continua amando o ser
que Tu julgas impossível te amar.
Nunca digas que não te ama!
Nunca te atrevas a recusá-lo
mas pelo contrário
liberta-te desse teu complexo
de não poderes ser amada!
Não voltes a proferir essa palavra
tão vil, tão errada, tão perdida.
Nunca, Nunca, apagues os teus sonhos!
Constrói-os firmemente e ergue-os mais alto
cada vez mais alto
mas não os deixes desmoronar
porque senão
não passarás de um bago do nada!
Não desfaças a tua semente de vida em pó
mas sim, semeia-a na tua Alma sem luz
sem brilho, sem alegria!
Realiza a semelhança do Mundo
à imagem de um Ser Humano.
Desenha numa folha de papel
o teu retrato.
Quebra um espelho e nos estilhaços
reconstrói a tua imagem!
Não temas o que vês
não recuses o que encontraste
não esqueças a tua fisionomia.
Porém, não encontras beleza
na imagem que viste
mas a tua Alma é sã e o teu Espírito puro!
Acredita somente
nos algos que crês conhecer.
Justifica a tua palavra.
Não recues, isso, nunca!
Caminha sempre por cima da linha
que te levará à Realidade.
Define o Bem, do Mal e revela-te
a ti própria!

Deolinda de Almeida
1973

ETERNIDADE


Alma perdida no sempre.
Loucura imaginada sem princípio.
Grades de aço que somente
o Diabo leva.
Não!…
… Cruelmente uma onda
me trás no espaço.
Na escuridão
o meu grito se solta!
A minha solidão se equiparou
para não mais esquecer.
Esta razão de existir
me torna outro ser.
O rio partiu
mas a terra
p’ra sempre ficou!…

Deolinda de Almeida
1973

EXPLORANDO

Fixando trevas e manhãs
esse olhar se estazia.
Entre rumos de navios
esse corpo sofre!
Para além desse mar que passou
outro e outros existem
para além desse Cabo
mil vezes dobrado.
Coberto de pranto e lama
jamais ninguém sonhou!
Apenas…
… Entre laços de cortesia
a nuvem se desfez.

Deolinda de Almeida
1973

INTEMPORAL

Espaço, tempo, átomo.
Hora que se solta
num calendário sem data.
Breves palavras que se encontram
e se perdem num ponto
que se desfez no nada.
Pensamento esquecido
entre núvens de pó.
Sonhando!…

Deolinda de Almeida
1973

ALMA DO POETA

Cintilando trémula e esquecida
aquela luz se apagou.
Naquele clarão da vida
outro e outros seres se estaziaram
num mundo ilimitado.
Num espaço perdido
alguém despertou
reanimando o desconhecido
céu azul.
Descalça e espavorida
a Alma do Poeta se perdeu
entre mil linhas de poesia.
Dormitando
pedras e espíritos se reuniram
amando o além.

Deolinda de Almeida
1973

CHOVE

Chove!…
Cai uma gota que resvala e se perde.
Chove!…
Caiem mil gotas
numa vidraça embaceada
por um bafo humano
que de repente cessa!
Chove!…
Num cantinho
aguardam-se esperas e lágrimas
que se confundem
com gotas de chuva
num impermeável sem cor.
Chove!…

Deolinda de Almeida
1973

NOITE DE LUAR

Era noite e o reflexo da lua
despontava num ponto.
A praia era grande e no mar
havia outra lua e outro luar desconhecido.
Falámos e trocámos
olhares secretos.
Lembrámos e relembrámos
como duas crianças.
As conchas espalhadas
recordavam imagens e contos de fadas.
A espuma vinha e ficava na areia
que de repente
se vestia de branco.
Corremos!…
… Cabelos ao vento
olhares trémulos.
Era a praia, o mar, a lua e de repente
um beijo
rebentou o balão dos meus sonhos!…

Deolinda de Almeida
1973

DESCOBERTA

Foi hoje.
Foi hoje que conheci
a parte negra e oculta daquele ser!
Fui levada na escuridão
a descobrir o Passado.
Um sopro de amargura
entreabriu
as portas do amanhecer.
O poder oculto
era uma sensação clara e transparente
como a água
da fonte dos desejos.
Perdi!…
… Perdi mais uma vez
aquilo que nunca construí.
Oh! Triste Alma que penosamente
te arrastas levada pelo desejo de viver.
De dor
o meu coração se esmaga.
Em mil linhas
derramo a minha tristeza!…

Deolinda de Almeida
1973

ESQUECER

Esquecer
é como ser uma árvore e deixar de existir.
Não!…
Não esqueço!
Chamei-te
implorei que voltasses
mas jamais
te tornei a ver.
Oh, como o mundo se revolta!…
… Espera!…
Entre as minhas mãos
acaricio uma flor que pouco a pouco
lentamente
vai murchando.
Também as pétalas da minha Alma
vão caíndo e subitamente
a flor
acaba por morrer!

Deolinda de Almeida
1973

SOBREVIVÊNCIA

O dia acabou.
Perante a minha solidão
estazio-me num vácuo sombreado.
O porquê do existir das coisas e a razão do meu sêr
nada tem de comum com outrém
ou com qualquer outro objecto.
Viver
é como uma nuvem
que se dissipa na atmosfera.
Arde-me o medo que se incendeia
neste Espírito sem vida.
Porquê?…
… Mil vezes pronuncio porquê
mas sem qualquer resposta.
Por fim, a minha voz emerge
em céus pálidos.
Entre sete mundos
sobrevivo!

Deolinda de Almeida
1973

SAUDADE

Pedra em que tropeço
dia e noite.
Luar que cintila
mas que não vejo!
Balada que pouco a pouco
se incendeia.
Espírito que apenas um vulto
se transforma numa imagem.
Triste, tristemente
a minha Alma se apaga!
No meu peito
a chama do meu sêr desaparece.
Desesperadamente
procuro!…

Deolinda de Almeida
1973

SINTONIA

Na areia escaldante do deserto
dois pés gravaram o teu nome
e dois corações uniram-se por amor.
Os raios vermelhos que surgiram no céu
glorificaram dois seres
que se olhavam.
Duas lágrimas de fogo
incendiaram o véu das estrelas.
Todo o mundo acompanhou
duas luas que guardavam
as portas do horizonte.
Um vento manso e calmo
apagou levemente o nome
que profundamente
foi gravado na areia.

Deolinda de Almeida
1973

IMAGINÁRIO

Era uma janela!…
… Entre a folhagem que envolvia o parapeito
imaginei-te!
Os raios de sol reflectiam-se num rosto
as águas do riacho sussuravam baixinho
e aquela estrelinha
sorria-lhes docemente.
O prado era verde
e recordava-me os teus olhos!…
… De repente
um cavalo branco
galopava nos meus sonhos
e mais uma vez
imaginei-te!
Imaginei-te o meu príncipe encantado
que desencantou uma bela adormecida
que sonhava
naquela janela.

Deolinda de Almeida
1973

ASCENSÃO


Um dia nasceu e o sol ascendeu
num céu côr-de-fogo.
Um rosto modelou-se numa massa parda
que glorificava
uma mão que emergia
num diamante dourado.
Uma luz despontou
iluminando meio mundo
que saudou
o novo dia que renasceu.
De repente
cem pessoas
fixaram uma estátua de pedra
que se elevou!…

Deolinda de Almeida
1973

DESPEDIDA

Foi um dia que passou
numa casa
numa porta fechada
numa luz que se apagou.
Não!…
… Por fora da casa
havia um corredor
e na porta
uma dor que gravei.
Abri essa porta
e saí
mas uns passos perseguiram-me
e uma voz
disse que me amava!
Não dei resposta
àquela resposta
que num tom tão meigo e suave
fez ferver todo o sangue do meu corpo.
Aquela imagem
ali ficou parada
e aqueles olhos
fixaram uns olhos que choravam
e uma lágrima
que se despenhou num adeus!

Deolinda de Almeida
1973

PENSAMENTOS

Penso!…
…Penso em alguém escondido que me espreita.
Penso!…
… Penso num amor e num romance que passou.
Penso!…
… Penso no meu corpo vendido para um ser
que amo e amei.
Penso!…
… Penso na dor que me tortura e me faz revoltar
contra mim mesma.
Penso!…
… Penso num novo dia e numa nova lua
que verei sem Ti.
Oh, as palavras que eu penso
são infinitas saudades
infinitas recordações.
Ao recordá-las
não te esqueço
simplesmente
porque penso!

Deolinda de Almeida
1973

CRIAÇÃO


Tu, que imaginaste um ser
e construíste-lo
Tu, que és raínha
e pensaste num mundo irreal.
Não!…
…Sei que és mulher
e que pensas como eu
mas não te vejo
nem sei quem és!
Tu, a única palavra que conheço de ti
e que nunca esquecerei
porque simplesmente
és Tu!

Deolinda de Almeida
1973

MEMÓRIAS


Lembrar
é recordar um sonho esquecido.
Lembrar
é sorrir diante de um destino cruel.
Lembrar
é poesia e um poema
que escrevo numa folha, que leio e releio.
Lembrar
aparece dissipado e escondido
por entre amores passados
que Eu recordo, sem esquecer.
Lembrar
é ser feliz
viver de um sonho
amar, quem não nos ama!…

Deolinda de Almeida
1973

VISÃO

Por entre sombras e gritos
dores, chamas e torturas
realizam-se.
Ao longo da vida sonho
e vejo algo que me foge!
A Lua existe
porque algo se agregou.
Avisto-te!
Tu
mal navegas
e cegas perante o que te rodeia.
Uma porta de igreja cerra-se
e as vozes, desencontram-se.

Deolinda de Almeida
1973

CRENÇA

Profetizaram uma lenda
que nunca existiu.
Amaram um ser, que nunca nasceu
e um momento de dor aconteceu.
Vibraram arcos
ruíram muros
destruíram casas
mas por fim
alguém perdido
admirou uma imagem!

Deolinda de Almeida
1973

TRANSMUTAÇÃO

Nos mares, oceanos e rios
sei conseguir o que não existe!
Nas trevas da noite
e no reflexo do luar
agoiros, soam.
Uma imagem desvanecida aparece
por entre fumos.
Cem anos apenas
chegam para acreditar.
Zombam de um demónio
creem no amor
desfazem o ódio!…

Deolinda de Almeida
1973

VITÓRIA

Numa batalha
espadas e lanças
cruzam-se no ar.
Entre a noite e o dia
corpos, cobrem o chão
e o sangue, dá de beber à terra.
Uma multidão oprimida
derrama o escudo da vida que acabou!…
… De novo o combate começa
e então
no ar rebenta uma tempestade.
Ressuscitam os mortos
as espadas ferem
mas o sangue
jamais é derramado.

Deolinda de Almeida
1973

UM RAIO DE LUZ

Por ruas, sombras, sonhos e medos
cruzo uma estrada que se ergue
num cruzamento que não se altera.
Acerco-me de uma figura
que nem Eu própria, sei quem é!…
… Ressuscito por entre asas
e mantos negros.
Atormetam-me!…
… Uma janela se abre e finalmente
um raio de luz desponta.

Deolinda de Almeida
1973

INFINITO

No fundo do mar
galopo no meu cavalo
e viajo por mil estrelas.
Entre risos de sereias
numa túnica dourada
numa gruta de encantos
cubro-me com algas encantadas.
No verde do mar
no azul do céu
recordo-te!…

Deolinda de Almeida
1973

EVENTO

Uma mulher de mil feitiços surge.
Ao longe
um barco se afasta e uma voz soa.
Por entre gritos e ondas
uma sombra torna-se real.
Diante do nada
relâmpagos de fúria e tempestades de medo
rebentam!
Uma figura é moldada com desespero.
Sem saber
a memória do Homem
permanece.

Deolinda de Almeida
1973

A NOITE

Ao escurecer, tudo é diferente!
Uma bola branca surge.
Um manto escuro cobre algo que se esconde.
Um olhar precoce desponta por entre risos e choros.
Num toldo branco coberto de lágrimas
ouve-se chorar.
Numa árvore velha e carcumida
um picapau derruba um ramo que se perde.
Olho
e cruzo mil páginas do meu diário.

Deolinda de Almeida
1973

ASAS DE ANJO

A luz de um candeeiro
iluminou a tábua escura que me cobria.
Recordei e esqueci!
De um momento para outro
não voltei a lembrar o que passou.
Apenas segui uns passos
que me levaram sem destino.
Ao entrar num cerco
fingi morrer!…
… Uma pomba branca subiu no céu.
A madrugada despontou no horizonte.
As asas brancas de um anjo
despertaram-me!

Deolinda de Almeida
1973

SEXTO SENTIDO

Sexto sentido que abrange
um ser, sem ser!
Silêncio que define alguém que chega.
Ruído que surge do encontro de duas pedras.
Ao falar, ao ouvir, ao sentir, existo!…
… Apenas ao entrar num vácuo sem definição
uma porta aberta
não fecha!…

Deolinda de Almeida
1973

FOGO SAGRADO

Sento-me numa bola côr-de-fogo que resvala.
Numa dor
firo o meu orgulho.
Num coração fechado
uma luz crava-se.
A glória da paz
a vitória da guerra
e a sombra que desespera alguém.
Espero!…

Deolinda de Almeida
1973

VELHO LIVRO

No meu velho livro, perco-me.
Imagino, desfaço e realizo.
Imagino um sonho mágico
desfaço a palidez que me envolve
realizo o meu desejo.
Um horizonte em fogo
dissipa a minha visão.
Perdida por entre mil folhas
ardo sem fósforo!
Então…
… O meu velho livro percorre o meu espírito.
Ergo as mãos
e em clemência, peço perdão!

Deolinda de Almeida
1973

O CALABOÇO

Diante de Mim
uma torre se ergue.
Um calaboço negro aparece.
Dentro de Mim
uma agonia permanece.
Caminho!…
Piso pedras minadas e nojentas.
Ao subir, erguo-me!…
… Ao Mundo, grito e imploro!
Porém
trancada e fechada entre grades
endoideço!…
… Uma onda invade-me.
Abrem a porta!…
… De novo caminho.
Abranjo uma escada branca.
Ao cimo, avisto!…
… Enfrento-me com um homem de negro!…
… Uma lâmina, rasga o espaço.
Entre sombras e medos
serro os olhos!!!

Deolinda de Almeida
1973

ETERNIDADE

Cavalos brancos de crinas douradas
correm e galopam no sempre.
No futuro que se aproxima
Eu, regresso do nada!…
… Num infinito que se afasta
torno-me real
e findo algo que comecei!…

Deolinda de Almeida
1973

VELHO MANTO

Um velho manto vagueia.
Olhando em volta
vejo-te escondida.
Por detrás de Ti
algo existe!…
… Vejo em teus olhos nuvens impuras
aves negras como a Morte
raios de ódio inconfundíveis.
Porquê, tudo isto?
Obra que desfazes
dia, após dia, sem saberes.
Assim, o velho manto continua
e Tu, desapareces!…

Deolinda de Almeida
1973

ENTRE LINHAS

Escada da vida
degraus sagrados que admiro sem pavor.
Ao entrar por entre grades
que derrubo e exploro
num vácuo ilimitado
perco uma estrela que se esconde.
Num esboço
um fio de luz rasga
um céu que não termina.
Entre duas ruas
um cão vadio caminha.

Deolinda de Almeida
1973

CONCERTO

Um sol irradia um átomo incógnito.
Um concerto termina.
Algo inconcebível ataca.
Gente diplomada
olha com desprezo.
Porém
a miséria continua!…
… Durante anos lutei
mas em vão
tudo desapareceu!
Tudo!…
… Porque o desprezo diplomático
infestou uma sala de concerto.

Deolinda de Almeida
1973

PESADELO

Olho em frente.
Uma casa se ergue por entre nuvens sombrias.
Após sentir algo incontestável
ferir o meu orgulho
permaneço inerte.
Um vulto rodeia-me.
Um uivo ecoa por entre árvores
a palidez do céu incendeia.
Acordo!…

Deolinda de Almeida
1973

DEGRAUS

Escada que subo
num preço que não quero.
Ilusão que de momento
nada sinto.
Ao imaginar um sonho
vejo uma imagem
e sem pensar deslizo sem saber.
Faço, refaço e desfaço.
Encontro apenas papéis
e passagens rotas no meu livro!…

Deolinda de Almeida
1973

LEMBRANÇAS

Uma pena atirada, desliza.
Poisando no mar, é frágil.
Porém
o mar revolto, acalma!…
… Torna-se
cada vez mais leve.
Subindo lentamente
desaparece por entre uma nuvem.
Ao nascer
uma imagem permanece
uma recordação, fica.

Deolinda de Almeida
1973

DESPERTAR

Peso que derruba uma pedra de sonho.
Chegada que eleva um pássaro sem asas.
Vem, vai e volta.
Paira no céu e desfaz
um minuto que passou.
Ao acordar, tudo é diferente!…
… O peso nada derrubou!…
… O pássaro sem asas
jamais voou!…

Deolinda de Almeida
1973

PARTE UM BARCO

Parte um barco.
Um lenço acena
um rosto chora.
No porto
partem saudades e um beijo atirado
vagueia no espaço.
O barco afasta-se
torna-se cada vez mais pequeno.
O lenço pára.
A mão deixa de mover.
Eternamente no vácuo…
… O beijo continua!…

Deolinda de Almeida
1973

SILÊNCIO

Silêncio que distingue
um eco de outro eco.
Voz que Eu ouço e não encontro.
Figura que escondo destemidamente.
Olho em volta e nada vejo.
Ao longe, porém
algo se eleva e voa!…
…Uma ave desliza num céu azul.

Deolinda de Almeida
1973

MANTO NEGRO

Um manto negro, invade um ser!…
… Sofucado por tal imagem
Ele, grita!…
… Um braço se ergue e uma lâmina decapita
algo que se esconde.
Algo fica!…
… Erguem-se sombras e teias de aranha
que tecem um rosto.
Agitado e apavorado, foge!…

Deolinda de Almeida
1973

FORÇA DE MIL FORÇAS

Força de mil forças
Braço de mil braços
que apertam um corpo que desvanece.
Dia em que uma presença
me despertou para amar!
A noite caiu!…
… Ao ver a tua imagem abandonar a minha
fiquei só!…
… Mas Tu, voltaste
apertaste-me em teus braços
olhaste em meus olhos
afagaste os meus lábios contra os teus!…
… Ambos olhámos um céu azul.

Deolinda de Almeida
1973

CAMINHA E LUTA


Não queiras carregar sozinho, o peso da Humanidade!
Procura dentro de Ti, aquele Eu que existe, na Alma,
que esse corpo transporta e…
… Atravessa sem olhares para trás esse mar profundo,
na serenidade eterna, dessa luz distante.
Caminha e luta, por um amanhã melhor!…

Deolinda de Almeida
2006

SER FELIZ

Se queres ser feliz
desperta por fim
abre o teu coração
eleva o teu pensamento
acima das coisas materiais
e encontrarás a Paz.
Se queres ser feliz
vence a ti próprio
e serás o maior herói.
Se queres ser feliz
conhece-te a ti mesmo!…

Deolinda de Almeida
2009

quinta-feira, 7 de maio de 2009

SINTO...

Sinto…
No mundo um vazio profundo
um amor ausente
uma distância sem tempo
uma vida sem sentido.
Sinto…
O descompasso de cada coração
a tristeza em cada olhar
o silêncio das palavras não ditas
a mágoa ressentida
a infelicidade em cada rosto.
Sinto…
em cada um uma parcela do todo
uma centelha Divina.
Sinto…
Em cada amigo um irmão
em busca da Perfeição!…
Sinto…
Que tudo pode mudar
quando o homem quiser!!!

Deolinda de Almeida
2009

AMOR INCONDICIONAL

Minha essência
centelha Divina
Fogo Sagrado
no meu coração.
Minha essência
centelha Divina
em busca da união.
Minha essência
centelha Divina
partícula
da Criação.
Minha essência
centelha Divina
Deus
em sua manifestação.

Deolinda de Almeida
2009
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